quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Jovem libertário negro é espancado na saída de um show em Dourados, MS - por ANA

Jovem libertário negro é espancado na saída de um show em Dourados, MS - por ANA
Na madrugada deste domingo (12), o jovem A. D., 19 anos, punk e negro, foi cercado e espancado por um grupo de três homens na saída de um show de rock na cidade de Dourados, Mato Grosso do Sul (centro-oeste do Brasil).

Numa ação rápida, o jovem foi abordado pelos agressores que disseram que ele iria apanhar por estar envolvido com os antifascistas na cidade que vêm realizando eventos contra eles.

Os três homens trajavam coletes de moto-clube, um deles com as insígnias do “Abutres Moto Clube”.

Quando A.D. esboçou uma reação um dos agressores, que trajava o colete escrito “Abutres Moto Clube”, sacou uma faca e desferiu vários chutes e socos no jovem. Por sorte ele não foi esfaqueado.

Em seguida o mandaram correr falando que pegarão todos os anarquistas e comunistas envolvidos no evento “2º Ação Antifascista”, especialmente, de acordo com a vítima, o "punk" que faz o jornal “O Libertário”, os membros das bandas que tocaram e outros músicos de conjuntos da cidade, que segundo o grupo de agressores também são "punks".

O “2º Ação Antifascista” aconteceu em 5 de dezembro último, na Associação dos Docentes em Universidades Federais (ADUF), organizado pelo Núcleo ContraCultura do Movimento Poder Popular (MPP), com apresentações de bandas, filmes, teatro, banquinhas libertárias, roda de capoeira e debates contra a opressão, o racismo, os preconceitos e o autoritarismo na sociedade.

agência de notícias anarquistas-ana
fino fio de fumaça
fere o espaço
com seu perfume

Eliakin Rufino

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

[Alemanha] A existência da ocupação Liebig34 está ameaçada novamente!


[Maldito capitalista, especulador imobiliário, quer desocupar um espaço autônomo e feminista em Berlim. Feministas, queers, squatters e outros mais já deram o recado: "Tirem suas mãos de nossos projetos autônomos!"]
Liebig34 é uma casa feminista e separatista. Embora estejamos pagando aluguel, somos a favor de ocupações e vivemos juntas como um coletivo autônomo.
Somos opostas a qualquer tipo de hierarquia e estamos dando o melhor de nós para eliminar as hierarquias ainda existentes em nossas vidas diárias.
Como projeto só de mulheres/lésbicas/trans, constituímos um espaço e refúgio longe do patriarcado, do sexismo e do heterossexismo. Não queremos viver em um mundo em que cada um de nossos passos é determinado e monitorado por meia dúzia de machos brancos.
Em um ambiente separatista, pode-se sanar as deficiências causadas por uma educação sexista. Nesse ambiente, ocorre com mais freqüência a solidariedade entre as pessoas do grupo, que depois levam esse sentimento para outros setores de suas vidas.
Liebig34 Ficará Onde Está!
O projeto da casa Liebig34 em Friedrichshain, Berlim, é um dos últimos coletivos autônomos e separatistas para mulheres, lésbicas e transgênero na Europa.
O infoshop político "Daneben" (www.daneben.info), assim como o bar-coletivo "XB-Liebig" (www.XB-bleibt.blogsport.com), ambos espaços não-comerciais e auto-organizados, estão localizados no mesmo prédio.
Invadida em 1991 e depois legalizada, a casa ainda se afirma como local autônomo e radical, ativo na cena underground.
Liebig34 existe há 17 anos. A casa é conhecida internacionalmente, sendo um importante ponto de encontro para a cena feminista-emancipatória de Berlim.
Os moradores da Liebig34 tentam viver livres do sexismo, do patriarcado, do racismo e de todas as outras formas de hierarquia. Isso não significa uma negação do fato de que todos nós fomos criados em uma sociedade normativa e capitalista, que condicionou nossa maneira de se comportar e pensar, mas acelerar a desconstrução de padrões e papéis estabelecidos.
No momento, 25 pessoas vivem na L34. Essa diversidade faz com que o processo de tomada de decisões e consenso seja uma presença constante no dia a dia, o que nem sempre é fácil, mas crucial para a vida coletiva.
Liebig34 é um local em que apóiamos uns aos outros, na luta ofensiva contra a alienação onipresente e multifacetada e os processos de normalização do sistema capitalista.
Ser feminista significa, para nós, levar a sério a opressão diária que é imposta não somente às mulheres, mas também a outros grupos e minorias sujeitos à discriminação e ao preconceito pelo sistema heteronormativo.
Consideramos nosso espaço um abrigo contra a hierarquia, o preconceito e a opressão.
Assim como muitos outros espaços livres em Berlim, a existência da Liebig34 está ameaçada novamente!
Gjora Padovicz está tentando comprar o 6º e último andar da casa. Precisamos impedi-lo, para evitar que os habitantes da casa sejam despejados, bem como evitar a extinção de mais um espaço livre. Gjora Padovicz é um executivo "de sucesso" e especulador imobiliário, cujo único interesse é gerar lucros.
Sua atividade consiste em comprar prédios velhos e transformá-los em apartamentos novos e rentáveis.
Ele gosta de se autodenominar "colecionador" de casas autônomas e é conhecido por, dessa maneira, destruir infra-estruturas e redes (por exemplo Kreuziger12 e Scharni29).
Por enquanto, só há queixas contra o trabalho de G. Padovicz e de sua empresa, a "Factor", por parte de coletivos e também de outros moradores que habitam as casas antigas que ele compra. Ele é amplamente conhecido por nunca manter sua palavra.
Esta luta não está limitada à cena underground, mas reflete um complexo processo de gentrificação, que afeta especialmente as pessoas de baixa renda. As pessoas são forçadas a deixar a vizinhança, sendo levadas aos limites das cidades para que consigam pagar seus aluguéis..
Espaços livres onde as pessoas possam viver independentemente de quanto dinheiro elas tenham estão se tornando cada vez mais raros. As casas autônomas são uma das últimas alternativas ao modelo de vida imposto em Berlim.
A expulsão de nossa casa significaria a extinção de um importante ponto de encontro para o movimento não comercial autônomo/de esquerda. A luta não é pela casa em si, mas também pelo coletivo XB-Liebig e pelo infoshop Daneben.
Por isso é tão importante lutar determinadamente contra a erradicação sistemática dos espaços autônomos.
Estamos desenvolvendo maneiras e estratégias para pressionar politicamente G. Padovicz e sua empresa, e estamos determinada/os a fazê-lo desistir do negócio qualquer preço.
Um dos objetivos mais urgentes é comprar o 6º andar do prédio em um leilão que irá acontecer em breve. Para tanto, precisamos de 40.000 euros e o máximo de apoio e solidariedade possíveis.
Pedimos que todos os grupos e indivíduos nos ajudem com quaisquer ações de apoio (festas em solidariedade, passeatas, doações).
Não vamos deixar que a possibilidade de escolher como vamos viver nossas vidas seja tirada de nós!
Tirem suas mãos de nossos projetos autônomos!!!
Solidariedade às ocupações em todo o mundo!
Nós ficaremos!
Feministas, queers e squatters, uni-vos!
Esmague o capitalismo e o sexismo!
E-mail:
liebig34@no-log.org
Doações: Spenden Konto Raduga E.V. - KONTO-Nr 4005651900 // BLZ 43060967 //
Tradução > Danielle Sales


agência de notícias anarquistas-ana
no lagoum patotoma banho de chuveiro Rogério Martins
Convenções presidenciais estadunidenses terminam com centenas de prisões e casos de tortura

[Pessoas desaparecidas, humilhadas, torturadas e presas na maior operação policial realizada nos Estados Unidos desde a “Batalha de Seattle”, em dezembro de 1999. Anarquistas foram os alvos principais da repressão do Estado.]
A Convenção Republicana, em St. Paul (Minnesota), acabou dias atrás e registrou o dobro de prisões de manifestantes que durante os quatro dias da Convenção Democrata, na semana passada.
Calcula-se que, somando as duas convenções, cerca de 1000 ativistas foram presos, só no último dia da Convenção Republicana, durante uma marcha anti-guerra, 400 pessoas foram detidas, a maioria jovens anarquistas.
Segundo relatos, durante os dias da Convenção Republicana, que concentrou os maiores protestos, desde pacíficos à intensos, pessoas desapareceram, foram humilhadas e sofreram sessões de tortura, sendo espancadas com pedaços de madeira, chutadas e sofrendo todo tipo de tormento psicológico em distritos policiais e nos “becos escuros” das ruas de St. Paul.
Há relatos também de casas de anarquistas invadidas por policiais sem identificação, em busca de material “criminoso”, tais como folhetos, livros, revistas...
Alguns anarquistas foram acusados de conspiração, enquadrados na Lei Patriota (Patriot Act) contra o terrorismo, criada por George W. Bush, e podem ser condenados a pegar até oito anos de prisão.
A Convenção Republicana contou com o contingente policial de 3.700 homens, inclusive do FBI, fortemente armados, com cassetetes de madeira, bombas de efeito moral, spray de gás-pimenta, laser e outros utensílios. Vindos de diversas partes dos Estados Unidos, como Texas, Arizona, Nova Iorque, Flórida e Califórnia.
Antes de começarem as manifestações, grupos de policiais à paisana, se infiltraram nas concentrações e tiraram fotografias e vídeos dos ativistas.

agência de notícias anarquistas-ana
De que árvore florida chega?
Não sei.
Mas é seu perfume...
Matsuo Bashô
A indignação continua bem viva na Grécia






[Hoje (13), em Atenas, tiveram lugar duas manifestações, mas também em Tesalônica, com a presença de milhares de pessoas no centro de ambas as cidades. Registaram-se atentados contra 5 bancos que provocaram danos materiais. A delegacia e duas viaturas foram incendiadas no centro da capital, em Guizi e Exarchia, o bairro onde o jovem foi baleado mortalmente. A seguir informes curtos que chegaram da Grécia.]Dia International de Ação Contra os Assassinatos Cometidos pelo Estado, em 20 de dezembro de 2008 - "Nós não esquecemos, nós não perdoamos"Neste sábado (13), a assembléia da Escola Politécnica Ocupada, decidiu fazer um chamado internacional para o dia 20 de dezembro, para a realização de acões em homenagem a todos os jovens, imigrantes e revolucionários que foram assassinados pelo Estado. Para Carlo Giulianii, Alexis Gringoropoulos, Carlos Palomino, os jovens rebeldes dos subúrbios franceses e tantos outros em todo o mundo. Em breve o comunicado completo da Escola Politécnica Ocupada.TV é ocupada em PátrasNa cidade de Pátras, um grupo de anarquistas ocupou durante meia hora o canal de televisão "Super B", e emitiram ao vivo um vídeo com imagens da luta na Grécia e um comunicado. Vídeo, aqui: http://www.youtube.com/watch?v=J-a1jCD9sk0Manifestação e Ocupação de uma emissora de Rádio em JaniáDepois da manifestação de hoje na cidade de Janiá (Ilha de Creta), foi ocupada uma emissora de rádio, onde foi lido "ao vivo" vários textos escritos pelo espaço autogestionado dos imigrantes, o C.S.O.A "Rosa Negra", a Associação de Professores, de um coletivo de anarquistas da cidade, da Associação de Estudantes da Universidade Politécnica de Janiá e da Prefeitura Ocupada de Áyios Dimítrios.Prisioneiros apóiam a lutaMilhares de prisioneiros, nos 23 presídios da Grécia, na terça-feira passada, entraram em greve de fome (por um dia) para se solidarizar com a luta e contra o terrorismo estatal. agência de notícias anarquistas-ana


ao voltar dos camposabro a portae a lua entra comigo Rogério Martins


quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Nietzsche*+*.
"A fé é querer ignorar tudo aquilo que é verdade."
"As convicções são cárceres."
"As convicções são inimigas mais perigosas da verdade do que as mentiras."
"Até os mais corajosos raramente têm a coragem para aquilo que realmente sabem."
"Aquilo que não me destrói fortalece-me"
"Sem música, a vida seria um erro."
"E aqueles que foram vistos dançando foram julgados insanos por aqueles que não podiam escutar a música."
"A moralidade é o instinto do rebanho no indivíduo."
"O idealista é incorrigível: se é expulso do seu céu, faz um ideal do seu inferno."
"Em qualquer lugar onde encontro uma criatura viva, encontro desejo de poder."
"Um político divide os seres humanos em duas classes: instrumentos e inimigos."
"Quanto mais me elevo, menor eu pareço aos olhos de quem não sabe voar."
"Se minhas loucuras tivessem explicaçoes, não seriam loucuras."
"O Homem evolui dos macacos? é existem macacos!"
"Aquilo que se faz por amor está sempre além do bem e do mal."
"Há sempre alguma loucura no amor. Mas há sempre um pouco de razão na loucura."
"Torna-te quem tu és!"
"O padre está mentindo."
"Deus está morto mas o seu cadáver permanece insepulto."
"Há homens que já nascem póstumos."
"O Evangelho morreu na cruz."
"A diferença fundamental entre as duas religiões da decadência: o budismo não promete, mas assegura. O cristianismo promete tudo, mas não cumpre nada."
"Para ler o Novo Testamento é conveniente calçar luvas. Diante de tanta sujeira, tal atitude é necessária."

ANARQUIA SEMPRE








segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

"Estamos convencidos de que o pior mal, tanto para a humanidade quanto para a verdade e o progresso, é a Igreja. Poderia ser de outra forma? Pois não cabe à Igreja a tarefa de perverter as gerações mais novas e especialmente as mulheres? Não é ela que, através de seus dogmas, suas mentiras, sua estupidez e sua ignomínia tenta destruir o pensamento lógico e a ciência? Não é ela que ameaça a dignidade do homem, pervertendo suas idéias sobre o que é bom e o que é justo? Não é ela que transforma os vivos em cadáveres, despreza a liberdade e prega a eterna escravidão das massas em benefício dos tiranos e dos exploradores? Não é essa mesma Igreja implacável que procura perpetuar o reino das sombras, da ignorância, da pobreza e do crime? Se não quisermos que o progresso seja, em nosso século, um sonho mentiroso, devemos acabar com a Igreja."

Bakunin*+*.

terça-feira, 30 de novembro de 2010

divulgação












O que é Juventude Libertária da Resistência Popular

Auto-descrição da JULI-RP
" (…) A Resistência Popular é a coordenação solidária que agrupa diversas expressões do movimento social pautadas pelo caráter combativo e autônomo, pelos princípios da ação direta, classismo, solidariedade de classe, horizontalidade, democracia direta e protagonismo popular. Foi fundada em 1999. A Juventude Libertária da Resistência Popular (JULI-RP) surge da necessidade de organização de militantes que participavam de diferentes grupos que compunham a RP, cujas formas de atuação e projetos eram semelhantes dentro do Movimento Estudantil. Para nós, o Movimento Estudantil só tem sentido se for entendido como um movimento social, também capaz de ser transformador da realidade. Acreditamos que a luta dos estudantes não deve ser isolada, mas unida a outras lutas, pois uma real mudança na educação só pode vir acompanhada de uma mudança em toda a sociedade. Propomos que os estudantes estejam organizados horizontalmente, se opondo à atual forma de organização do movimento estudantil, caracterizada pelo aparelhismo partidário e pela burocracia, que lhes usurpam o direito de participação direta nas discussões e lutas que envolvem a todos. (…)"




segunda-feira, 29 de novembro de 2010


(1756-1835)

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          Escritor e filósofo inglês, considerado o percursor do pensamento anarquista moderno, nasceu em 3 de março de 1756 em Wisbeach de uma família de dissidentes calvinistas.
          Seguindo a tradição da família, estudou teologia e foi nomeado pregador em 1778, chegando a ser pastor em diversas comunidades dissidentes até 1883. Influenciado pelas idéias da Revolução Francesa, sobretudo de Rousseau e Helvétius, afastou-se da religião, iniciando então sua reflexão sobre a realidade social.
          Nessa época ligou-se a um famoso grupo de intelectuais e trabalhadores revolucionários que se reuniam nas tabernas de Londres, tornando-se amigo de Thomas Paine, autor de Os Direitos do Homem. Em 1791 conheceu, nesse círculo, a que seria sua companheira Mary Wollstonecraft, percursora do feminismo, que em 1792 publicou a Reivindicação dos Direitos da Mulher. Dessa relação nasceu Mary Wollstonecraft Godwin futura companheira do poeta Shelley e autora da novela Frankstein.
          A partir de 1871 começou a elaborar seu livro Investigação Acerca da Justiça Política, editado em 1873. O livro causou escândalo e polêmica na sociedade inglesa pelas suas idéias filosóficas e políticas revolucionárias, tornando Godwin famoso.
          Nos anos seguintes escreveria várias obras literárias, das quais a mais famosa é Caleb Williams (1794), onde volta a expor suas idéias na forma literária. Godwin é o primeiro pensador a considerar que todo o estado e todo o governo é um mal, e que a sociedade poderia existir sem eles, sendo considerado um percursor do anarquismo moderno.
          Aquele que foi um autor famoso, morreu anonimamente em março de 1836, quando começava a se desenvolver o movimento socialista que iria aprofundar as idéias inovadoras que tinha analisado na sua obra.

PROUDHON, Pierre–Joseph


(1809-1865)

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          Aquele que Bakunin considerava o mestre de todos os anarquistas, nasceu em França em 1809, numa família do povo.
          Operário, tipógrafo, autodidata, desenvolveu suas próprias teorias sobre organização social, baseada na cooperação e mutualismo. Em 1840 publicou o livro O Que é a Propriedade?, onde se declara pela primeira vez anarquista. O livro foi elogiado por Marx, que o tentaria atrair mais tarde (1846) para um grupo de pensadores socialistas. No entanto, Proudhon na resposta a Marx questiona a criação de novos dogmas, o que levaria à ruptura com o socialista alemão.
          Nessa época, 1844-1845, teve encontros em Paris com Bakunin e Marx. Mas logo em 1846 Marx escreveu o livro Miséria da Filosofia que é uma crítica violenta ao livro de Proudhon a Filosofia da Miséria.
          Em 1848 Proudhon foi eleito deputado à Assembléia Nacional por Paris. Em julho desse ano pronunciou uma discurso violento na Assembléia onde expõe a oposição entre proletários e burgueses, sendo objeto de advertência pelo Presidente do parlamento.
          No ano seguinte Proudhon tentou organizar o Banco do Povo, que não conseguiu prosperar. Seus artigos no jornal Representant du Peuple e Le Peuple valem-lhe vários processos judiciais que o obrigam a se exilar na Bélgica.
          De volta à França foi preso em 1849 tendo ficado na prisão até 1852, onde continuou escrevendo.
          A edição do livro De la Justice dans la Révolution et dans L'Eglise, esgotado em poucos dias, provocou novo escândalo e um novo processo judicial, que o obrigou a exilar-se, novamente, em Bruxelas.
          Regressou a França onde publicou novos livros entre os quais o Princípio Federativo e Da Capacidade Política das Classes Trabalhadoras que forneceu a base teórica do anarco-sindicalismo, defendendo que o "proletariado deve emancipar-se sozinho". Morreu em 1865, pouco depois da fundação da Primeira Internacional, criada em grande parte por iniciativa de operários mutualistas franceses.

BAKUNIN, Mikhail


(1814-1876)

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          O mais brilhante dos teóricos e agitadores anarquistas, nasceu em Premukhino, Rússia em 11 de maio de 1814, originário de uma rica família da nobreza russa.
          Depois de ter seguido a carreira militar, abandonou o exército em 1832, quando começou a opor-se ao czarismo. Mas a sua ligação a idéias progressistas se deu a partir das suas leituras de Hegel, a amizade com o revolucionário russo Herzen e principalmente a partir da sua viagem ao Ocidente em 1840, quando freqüentou a Universidade de Berlim e o círculo dos hegelianos de esquerda em Berlim e Dresden na Alemanha, colaborando na revista crítica Anais Alemães de Arnold Ruge.
          Em 1843, aproximou-se do pensamento socialista a partir do contato com Moïse Hess e Proudhon, só vindo no entanto a se tornar um anarquista já nos anos 60, no seu exílio europeu. Durante os anos de 1848-1849 tomou parte ativa nas rebeliões que ocorreram em Paris, Praga e em Dresden ao lado de seu amigo Richard Wagner. Preso após a rebelião de Dresden, esteve em prisões da Saxônia e da Áustria, tendo sido entregue à polícia do Czar.
          Depois de doze anos nas prisões czaristas, em 1861 conseguiu escapar para o ocidente, tendo vivido na Inglaterra, Suíça e Itália onde conheceu Giuseppe Fanelli que com ele colaboraria na divulgação do anarquismo em Espanha.
          Por todo lado em que passou Bakunin participou da agitação social e da fundação de associações revolucionárias, tornando-se o mais conhecido revolucionário da sua época. A atração que Bakunin exercia sobre os círculos revolucionários esteve na origem de um dos episódios mais polêmicos da sua vida, as relações que manteve entre 1869 e 1872 com Netchaiev (1847-1882) um jovem revolucionário russo ligado ao grupo de Vera Zassoulitch, descrito como um jovem fanático, frio e cínico, que viria a ser o autor do Catecismo Revolucionário. Netchaiev, não só provocou inúmeros conflitos nos círculos dos exilados russos, como manteve uma atividade revolucionária inconseqüente que provocou repercussões negativas na Rússia. O comportamento de Netchaiev e suas teorias de que o fim justificam os meios, completamente afastados da tradição anarquista, foram repudiados expressamente por Bakunin a partir de 1870.
          A adesão de Bakunin à AIT, em 1868, foi decisiva na evolução das discussões entre as concepções de socialismo de estado e de socialismo libertário. Bakunin e Guillaume, foram os principais representantes da corrente anarquista que se opunha a Marx. Durante o Congresso de Haia, em 1872, foi oficialmente expulso juntamente com anarquistas de vários países da Internacional pelos marxistas. O comportamento de Netchaiev viria a ser usado pelo grupo marxista da AIT como um dos argumentos para expulsar Bakunin da Primeira Internacional.
          Nos últimos anos da sua vida, Bakunin não deixou de acompanhar os movimentos revolucionárias que ocorreram na Europa, entre os quais a tentativa revolucionária de 1874 em Bolonha na Itália.
          Seus principais livros são Deus e o Estado; Federalismo, Socialismo e Antiteologismo e Estatismo e Anarquia.
          Faleceu em 1 de julho de 1876, em Berna, na Suíça.

STIRNER, Max


(1806-1856)

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          Pseudônimo do pensador alemão Kaspar Schmidt, nascido na Baviera, Alemanha, em 1806, filho de um artesão.
          De 1826 a 1828 estudou em Berlim, onde foi aluno de Hegel e Feuerbach, tendo voltada a essa universidade de 1832 a 1834. A partir de 1842 fez parte do círculo de intelectuais radicais Jovens Hegelianos que se reunia em torno de Arnold Ruge e Bruno Bauer, que tanto influenciaram Marx e Bakunin. Foi nas reuniões desse grupo que Engels o conheceu.
          Professor solitário, escreveu O Falso Princípio da Nossa Educação que seria publicado em 1842 por Marx na revista do grupo A Gazeta Renana.
          Seria no entanto O Único e sua Propriedade, publicado em 1884, que o iria tornar famoso, transformando-o no teórico do anarquismo individualista. Um dos alvos da crítica de Marx e Engels no livro A Ideologia Alemã seria Stirner, que rapidamente, no entanto, acabaria esquecido, vindo a ser redescoberto mais tarde por Henry Mackay.
          Sua vida, marcada pela pobreza e pela tragédia, certamente contribuíram para a elaboração de um pensamento que tem como centro o indivíduo solitário: o único que não deve sujeição a nada nem a ninguém. Seu livro valeu-lhe a celebridade e o escândalo: implodia com convenções, moral, mas também toda a doutrina social, política e filosófica de seu tempo. Ao afirmar: "livre não o sou em nenhum Estado" ou "todo o Estado é despótico". No entanto, sua idéia de um "eu" absoluto, mesmo quando ligada à sua concepção de um associativismo de egoístas, estava longe das idéias e valores que se expressaram no anarquismo social e mesmo no individualismo anarquista posterior. Stirner que se definia como Único, certamente o foi como pensador radical original, e nesse sentido é difícil classificá-lo, mesmo que por seu anti-estatismo e espírito herético era um libertário.
          O pensamento de Stirner no movimento anarquista teve uma influencia limitada, ganhando sua obra uma maior divulgação a partir de 1888, quando o poeta anarquista John Henry Mackay, escreveu sua biografia e algumas obras onde divulgava o anarquismo individualista. A partir de então suas teorias cativaram alguns círculos libertários alemães, norte-americanos e especialmente do individualismo francês, muito ativo no final do século XIX e começo do século atual.
          Morreu esquecido e na miséria aos 49 anos, a 25 de julho de 1856.

TOLSTOI, Liev


(1828-1910)

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          Este genial escritor russo nasceu em 1828 em Iasnaia Poliana. Filho de uma importante família ligada aos Czares, ficou órfão ainda criança.
          Entrou na Universidade de Kazan onde estudou línguas orientais e direito. Em 1847, por herança tornou-se senhor de vastas terras em Iasnaia-Poliana.
          Depois de ter servido no exército, em 1856, viajou pela Europa visitando vários países, regressando então à sua terra natal para administrar suas terras e dedicar-se à literatura.
          Em 1861, voltou novamente a França para visitar seu irmão que se estava doente aproveitando para se encontrar com Proudhon. Com uma vida pessoal cheia de conflitos e uma personalidade dividida, Tolstoi aproximou-se, gradualmente, de uma posição pacifista e anarquista, recusando toda a forma de governo e poder.
          Na sua terra natal criou uma escola marcadamente libertária, próxima das experiências de Ferrer e da Escola Moderna, tendo pessoalmente escrito os livros usados na escola.
          Seus textos autobiográficos A Minha Confissão e Qual é Minha Fé foram apreendidos mas, mesmo assim, tiveram ampla difusão clandestina.
          Perseguido e excomungado pela Igreja, seus últimos anos são de engajamento social. Os escritos filosóficos influenciaram o aparecimento de comunidades e de uma corrente de anarquismo cristão, sobretudo em França, Holanda e EUA.
          Exerceu também, juntamente com Kropotkin e Thoreau, forte influência sobre um dos mais importantes pacifistas modernos: Gandhi, com quem chegou a manter correspondência. Faleceu em 1910.

KROPOTKIN, Piotr


(1842-1921)

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          Escritor, filósofo e militante anarquista russo, nascido na nobreza russa em Moscou, em 1842.
          Depois de passar pelo Corpo de Pagens, já oficial, foi para a Sibéria onde realizou importantes levantamentos geográficos. Desligou-se do exército e tornou-se geógrafo, tendo percorrido a Sibéria e a Manchúria, onde pode conhecer de perto miséria dos povos sujeitos ao Czarismo.
          Em 1872, realizou uma viagem à Bélgica e à Suíça, onde entrou em contato com os anarquistas da Federação do Jura, tendo-se filiado na AIT.
          De volta à Rússia, começou uma militância em grupos clandestinos, o que o levaria aos cárceres czaristas. Depois de uma fuga espetacular, exilou-se no Ocidente, tendo retomado seus contatos com os anarquistas suíços, fundando e editando em Genebra, em 1879, o jornal Le Révolté, até ser novamente preso na França, em 1882.
          Libertado em 1885, depois de um amplo movimento de intelectuais e cientistas, entre os quais Herbert Spencer, Ernest Renan e Victor Hugo, refugiou-se na Inglaterra. Conviveu com os principais intelectuais da sua época e foi colaborador da Geographical Society. Em alguns de seus livros, Kropótkin tentou buscar uma base científica para o pensamento anarquista. E, se de sua pesquisa saíram trabalhos que ainda hoje desafiam o leitor, certamente incorreu também no erro de um racionalismo e otimismo científico típicos da sua época. Mas, foi certamente como propagandista revolucionário, que Kropótkin se tornou o mais traduzido e lido de todos os pensadores libertários.
          Seus livros faziam parte da biblioteca dos camponeses e operários em quase todos os países. Palavras de um Revoltado, Aos Jovens, Ética, O Estado e seu Papel na História tiveram edições em inúmeras línguas e em todos os continentes. O seu verbete sobre o anarquismo publicado na edição da Encyclopaedia Braitannica de 1910 é, até hoje, uma das mais bem elaboradas definições.
          Voltou à Rússia durante a Revolução de 1917. Crítico do autoritarismo comunista, escreveu a Lenin em março de 1920, denunciando a evolução autoritária que estava ocorrendo, divulgando, em junho, uma carta aberta aos trabalhadores do ocidente onde alertava para a evolução da Revolução Soviética. Em 21 de dezembro, voltou a fazer novas críticas em carta enviada ao dirigente comunista. Morreu em 8 de fevereiro de 1921. Seu funeral foi a última grande manifestação pública do anarquismo russo.
          Entre os seus principais livros estão A Conquista do Pão, Apoio Mútuo, Campos, Fábricas e Oficinas, Ética Anarquista e A Grande Revolução.

VASCO, Neno


(1878-1920)

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          Advogado, jornalista e escritor anarquista, nascido em Portugal a 9 de maio de 1878. Seu nome era Gregório Nazianzeno Moreira de Queirós e Vasconcelos, mas ficaria conhecido por Neno Vasco.
          Fez parte do grupo de estudantes da Universidade de Coimbra que aderiram ao anarquismo no começo do século.
          Formado em direito, emigrou para o Brasil em 1901, para se juntar a seu pai. Em São Paulo logo entrou em contato com anarquistas como Benjamim Mota, Ricardo Gonçalves e os libertários italianos. Participou então da edição de O Amigo do Povo, que começou a circular em 1902. Algum tempo depois lançou a revista Aurora. Este movimento editorial haveria de contribuir para o crescimento da influência libertária nos meios operários. Nas páginas da Voz do Trabalhador travou uma polêmica sobre as relações entre anarquismo e sindicalismo, que é fundamental para entender a forma como os libertários se situaram face ao movimento operário e suas organizações.
          Em 1911, regressou a Portugal onde continuou a desenvolver sua militância anarquista, colaborando com a imprensa anarquista brasileira como correspondente. Na revista anarquista portuguesa A Sementeira escreveu sobre a situação social no Brasil.
          Neno Vasco, licenciado em direito, intelectual brilhante, um dos mais influentes militantes libertários de Portugal e do Brasil, morreu de tuberculose e pobre em 1920, no norte de Portugal.
          O seu principal livro é A Concepção Anarquista do Sindicalismo, publicado em 1923 pela editorial do jornal anarco-sindicalista A Batalha e re-editado em 1984.

MALATESTA, Errico


(1853-1932)

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          Principal pensador anarquista italiano, nasceu em 1853 no sul de Itália, filho de uma família abastada.
          Desde jovem se iniciou em atividades contestatárias, que provocaram sua prisão em 1868 e a suspensão na Universidade de Nápoles, onde estudava medicina, em 1870.
          Em 1871 aderiu à Associação Internacional dos Trabalhadores e no ano seguinte conheceu Bakunin por ocasião do Congresso de Saint Imier, tendo esta relação tido uma influência decisiva em toda a sua militância anarquista posterior. Juntamente com Cafiero e outros militantes, em 1877, preparou o movimento "Levante de Benevento", que se tornou legendário na luta social italiana, quando um grupo anarquista percorreu essa região do sul de Itália distribuindo armas à população e queimando os arquivos públicos, declarando o comunismo libertário. Devido à sua militância libertária passou várias vezes pelas prisões.
          Na Congresso Anarquista de Londres de 1881 propôs a criação de uma Internacional Anarquista. Em 1885 exilou-se na Argentina, onde com os primeiro núcleos anarquistas desenvolveu uma ativa propaganda das idéias anarquistas, tendo publicado o jornal bilingüe Questione Sociale. Regressou à Europa em 1889 instalando-se em França, donde teve de partir para a Inglaterra.
          Tal como muitos outros militantes, também Malatesta desenvolveu atividade revolucionária em diferentes países: Egito, França, Bélgica, Argentina e Espanha são alguns dos países onde esteve.
          Em 1914, durante a Primeira Guerra Mundial foi um dos defensores do internacionalismo contra os que defendiam - mesmo dentro do anarquismo - o envolvimento com uma das facções beligerantes.
          Seu jornal Umanità Nuova tinha uma tiragem de 50.000 exemplares e era um dos animadores do anarco-sindicalismo italiano da USI.
          Morreu em 22 de julho de 1932 em pleno advento do fascismo sob liberdade vigiada. Uma das principais brigadas anarquistas da resistência italiana levou o seu nome.

PARSONS, Lucy


(1853-1942)

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          Militante operária e anarquista americana. Segundo seu depoimento seria filha de mãe mexicana e de um índio e após ficar órfã aos três anos foi levada para um rancho do Texas onde foi criada por um tio. Alguns pesquisadores, no entanto, acreditam que Lucy era filha de escravos do Texas.
          Em 1870, conheceu Albert Parsons, um ex-soldado confederal que se veio a tornar um republicano radical e mais tarde militante anarquista. Forçados a sair do Texas pelo seu casamento inter-racial foram para Chicago onde logo se ligaram aos setores revolucionários que começavam a desenvolver o movimento sindical.
          A partir de 1878 Lucy colabora no jornal O Socialista, a partir daí torna-se uma escritora e agitadora com um papel decisivo na organização operária de Chicago. Em 1883 foi uma das fundadoras da International Working People's Association (IWPA), uma importante organização anarquista internacionalista e defensora da ação direta que se distinguia por defender a igualdade das mulheres e dos negros. Lucy além de militar na organização era uma colaboradora regular do seu jornal O Alarme, onde apelava à ação direta contra os ricos e os poderosos.
          Muitos dos seus artigos tratavam também da questão do racismo e da discriminação defendendo a necessidade dos negros se integrar à luta social contra o capitalismo.
          Em 1886 a IPWA foi uma das organizações que desencadeou a greve geral em defesa das 8 horas de trabalho no primeiro de maio, que levou aos acontecimentos da Praça Haymarket e ao famoso processo dos Mártires de Chicago em que a justiça americana condenou à morte de três conhecidos militantes operários e anarquistas, entre os quais o Albert Parsons.
          Após o enforcamento do seu marido, manteve uma presença ativa no movimento operário e anarquista, participando em 1905 da fundação da confederação sindical revolucionária IWW e colaborou no jornal O Libertador. Nos anos 30, no contexto da avanço do nazi-fascismo, decidiu aderir ao Partido Comunista.
          Lucy Parsons morreu no incêndio da sua casa em 1942, após meio século de intensa militância, onde se destacou como uma das mais importantes mulheres do movimento operário e anarquista americano. Seus livros e documentos pessoais foram apreendidos arbitrariamente pela polícia após o incêndio.

GOLDMAN,Emma


(1868-1940)

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          Anarquista russa, nascida na Província de Kovno, a 27 de junho de 1868. Em 1882 foi com seus pais para São Petersburgo.
          Aos dezassete anos, influenciada pelo movimento intelectual russo no sentido de ir para o povo, tornou-se operária.
          Emigrou para os Estados Unidos em 1886, instalando-se em Rochester, onde acompanhou as lutas operárias pelas 8 horas de trabalho, que provocaram o enforcamento dos quatro militantes anarquistas de Chicago em 11 de novembro de 1887. Esse fato e a relação com ativistas como Joana Grei, J. Most e Voltarine de Cleyre, levaram Emma Goldman a aderir ao anarquismo. Mudou-se para Nova York onde iniciou sua atividade militante, sendo presa várias vezes. Em 1893 cumpriu um ano de prisão.
          Oradora famosa, foi uma das principais agitadoras anarquistas dos EUA, tendo sido a fundadora da importante revista libertária Mother Earth.
          Amiga e companheira de Alexander Berkman, lutou durante 14 anos pela sua libertação, o que só veio a ocorrer em 1906.
          Em 1919 foi expulsa junto com Berkman e mais de duzentos revolucionários para a Rússia. Mas logo foi obrigada a abandonar esse país por discordar dos métodos autoritários dos comunistas. Viajando pela Europa e Canadá fez conferências onde denunciou a repressão que se iniciava na Rússia.
          Com o começo da Revolução Espanhola, vai para Barcelona em 1936, percorrendo a Espanha em ações de agitação e apoio à causa revolucionária. Em Londres ajudou a fundar um grupo de coordenação da ajuda a Espanha.
          Lutadora da causa operária, defensora dos direitos da mulher e adepta do amor livre, Emma Goldaman, deixou seus escritos espalhados por inúmeras publicações de todo o mundo. Seus principais livros são Living My Life, Anarchism and Other Essays e Puritanismo e Outros Ensaios.
          Morreu em 14 de maio de 1940, aos setenta anos em Toronto, Canadá tendo sido sepultada em Chicago junto aos militantes operários assassinados no século XIX.

CLEYRE, Voltairine de


(1869-1912)

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          Ativa militantes e agitadora anarquista americana. Nasceu em 17 de novembro de 1869, em Michigan.
          Filha de um livre pensador de origem belga – seu nome é homenagem a Voltaire – foi educada num colégio católico no Canadá, de onde fugiu.
          Iniciou sua militância social como livre-pensadora, tornando-se anarquista na seqüência dos acontecimentos do Primeiro de Maio de 1886, em Chicago.
          Amiga do pensador anarquista Dyer Lum e de Emma Goldman, quando esta foi processada por sua militância em 1893, Voltairine escreveu o ópusculo Em Defesa de Emma Goldman do Direito de Expropriação. Em 1897 esteve em França e na Inglaterra, conhecendo em Londres Kropotkin e o grupo editor do jornal Freedom, estabelecendo também contato com os exilados espanhóis.
          Colaboradora da imprensa anarquista, principalmente da revista Mother Earth, escritora de mérito, conferencista famosa, percorreu os EUA fazendo propaganda das idéias libertárias. Muitas das traduções de obras anarquistas editadas nos EUA no final do século XIX, são de sua autoria.
          Depois de vinte e cinco anos de militância, Voltairine de Cleyne morreu aos 46 anos de idade, em junho de 1912, em Chicago, devido a um ferimento resultante de uma tentativa de assassinato anos antes.

READ, Herbert


(1893-1968)

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          Poeta e crítico de arte anarquista, nasceu em 1893 em Yorkshire, Inglaterra de uma família de agricultores.
          Foi conservador do Victoria and Albert Museum de Londres e professor de Arte na Universidade de Edimburgo, Cambridge, Liverpool, Londres e Harvard.
          Aproximou-se do anarquismo a partir de leituras de Kropotkin, Bakunine, Tolstoi e Ibsen.
          Seus livros Poesia e Anarquismo (1938), Educação pela Arte (1943), Arte e Alienação (1967), Filosofia do Anarquismo (1940), O meu Anarquismo (1966), explicitam a filosofia dum intelectual culto e irrecuperavelmente anarquista. Seu pacifismo e suas idéias sobre educação libertária, tornaram-no um dos autores anarquistas mais atuais.
          Herbert Read gostava de afirmar: "Uma civilização que, de maneira sistemática, recusa o valor da imaginação e a destrói, está condenada a soçobrar numa barbárie cada vez mais profunda".
          Morreu em 1968.

MOURA, Maria Lacerda


(1887-1945)

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          Professora, jornalista e escritora anarquista, nascida em Minas Gerais a 16 de maio de 1887.
          Desde cedo se interessou pelo pensamento social e pelas idéias anticlericais.
          Formou-se na Escola Normal de Barbacena, em 1904, começando a lecionar nessa mesmo escola. Inicia então um trabalho junto das mulheres da região, incentivando um mutirão para construção de casas populares para a população carente da cidade. Fundou a Liga Contra o Analfabetismo, e como educadora adotou a pedagogia libertária de Ferrer.
          Após de mudar para São Paulo, começou a dar aulas particulares e a colaborar na imprensa operária e anarquista brasileira e internacional.
          No jornal A Plebe escreveu principalmente sobre pedagogia e educação. Ativa conferencista, tratava de temas como educação, direitos da mulher, amor livre e antimilitarismo, tornando-se conhecida não só no Brasil, mas também no Uruguai e Argentina onde foi convidada por grupos anarquistas.
          Em fevereiro de 1923 lançou a revista Renascença, uma publicação cultural que foi divulgada no movimento anarquista e entre setores progressistas e livre-pensadores.
          Pode ser considerada uma pioneira das principais pioneiras do feminismo no Brasil e uma das poucas que se envolveu com o movimento operário e sindical.
          Entre seus livros destacam-se: Em torno da educação; A Mulher Moderna e o seu papel na Sociedade Atual; Amai e não vos Multipliqueis; Han Ryner e o Amor Plural.

MONTSENY, Federica


(1905-1994)

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          Militante anarquista espanhola.
          Nasceu em Madri filha de dois dos mais conhecidos anarquistas catalães Joan Montseny (Federico Urales) e Teresa Mané (Soledad Gustavo), fundadores em 1898 de uma das mais importantes publicações do anarquismo ibérico, a Revista Blanca.
          Desde cedo Federica Montseny militou na CNT, tornando-se famosa como oradora, ao mesmo tempo que colaborava com as atividades editoriais de sua família. Em 1930, passa a viver com o também militante anarquista Germinal Esgleas.
          A partir de 1936 integra o comitê regional da CNT e o comitê pninsular da FAI.
          Durante a Revolução foi escolhida para integrar o Governo Republicano como ministra da saúde. Esta participação embora tenha obtido um amplo apoio do movimento, gerou polêmica e divisões entre os anarquistas. Durante o tempo em que foi ministra aprovou uma lei legalizando o aborto. Com a derrota exilou-se em França, onde esteve várias vezes presa.
          Foi uma personagem central do Movimento Libertário no exílio, mantendo ao longo de toda a sua vida uma atividade militante, fazendo parte do grupo que se opôs ao frentismo e colaboracionismo político. No entanto, contraditóriamente, mereceu críticas, entre setores das Juventudes Libertárias, por se opor às tentativas de manter atividades clandestinas em Espanha, principalmente ações armadas.
          Faleceu em Toulouse (França) a 14 de janeiro de 1994.

BOOKCHIN, Murray


(1921-)

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          Pensador e militante anarquista contemporâneo, nascido nos EUA em 1921, filho de operários de origem russa, militantes da IWW.
          Depois de ter sido militante comunista, rompeu nos anos 50, com o marxismo-leninismo, influenciado pela Revolução Espanhola e pela Revolução Húngara de 1956. A partir daí, tornou-se anarquista, sendo considerado hoje um dos principais teóricos do pensamento libertário.
          Ligado aos movimentos alternativos, participou das lutas dos anos 60 pelos direitos civis e contra a guerra do Vietnã. Em 1968 foi para Paris, onde acabou participando das lutas de maio.
          Sua reflexão centra-se sobre a ecologia social, os problemas urbanos e a implantação de um municipalismo libertário, sendo seu primeiro livro sobre ecologia de 1962.
          Foi professor da Alternative University de Nova York e fundador do Institut For Social Ecology.
          Editor da revista Anarchos, Bookchin é o exemplo de intelectual independente, capaz de conciliar uma militância social com uma reflexão crítica. Entre os seus principais livros destacam-se El Anarquismo en la Sociedad de Consumo, Remaking Society, Listen, Marxist e Third Revolution.

CHOMSKY, Noam


(1928-    )

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          Importante lingüista contemporâneo, nascido em 1928 nos EUA, filho de pais ucranianos, é também um dos mais lúcidos e críticos pensadores contemporâneos.
          Desde cedo relacionou-se com círculos judeus anarco-sindicalista e ainda criança manifestou sua solidariedade com a Revolução Espanhola.
          Nos anos 60, já famoso por suas pesquisas na área de linguística, envolveu-se no movimento de oposição à guerra do Vietnã.
          Mesmo sendo hoje o mais citado e conhecido pensador americano, Chomsky é marginalizado pelos grandes meios de comunicação dos EUA. Não é por acaso, um dos temas que tem estado no centro de sua pesquisa nas últimas décadas, tem sido o poder manipulatório dos mass media, da grande imprensa à televisão.
          Atento observador da cena internacional, Chomsky tem tido posições solidárias e críticas em todas as situações de conflito internacional, do Vietnã, à América Latina, da Palestina a Timor.
          Libertário, conhecedor da história do anarquismo, Noam Chomsky afirma-se como um partidário da tradição federalista e de auto-governo. Atualmente é diretor do Departamento de Línguas do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT).
          Entre os seus livros mais importantes encontram-se Ilusiones Necesarias: Controle del Pensamiento en las Sociedades Democraticas, Radical Priorities, 501: A Conquista Continua e Novas e Velhas Ordens.



WILLIAM GODWIN